Será o amor remédio para a desagregação íntima do sentido do mundo e da vida?
Soubesse Amélia o voo dos pássaros percorre os caminhos do amor e da culpa, do medo e da coragem, do sonho e do desencanto, da escolha e do conflito, da ausência e da promessa de Amélia e de Alfredo, que quiseram escapar à pobreza a que estavam destinados na Aldeia (metáfora do país rural, analfabeto e ignorante, que o salazarismo promoveu e elevou a modelo social e ético). Retrato da vida emigrada de quem escolheu partir sem a filha e desse abandono se sente culpada, Soubesse Amélia o voo dos pássaros acompanha a vida que Amélia, Alfredo e Florbelaluz vão construindo num mundo que lhes é estranho. É, todavia, a culpa pelo abandono da filha que atormentará Amélia e condicionará a sua não-integração em Paris. E, quando o que ainda lhe animava a presença se foi, o vazio da ausência dilacerou definitivamente a ferida do abandono, tristeza e solidão. Nada lhe restava em Paris. Perdida no labirinto da culpa e do desencanto, tem de regressar ao chão das suas raízes. Alfredo regressa também. Por amor. Apenas por amor. Alfredo não tinha raízes, tinha asas. E no voo da ambição de ser o melhor, sempre o melhor, descobriu-se outro. E Florbelaluz não estava preparada para o pai que a “Carta para o futuro” desvelava…