Konrad Heiden foi o primeiro cronista do Terceiro Reich. Observou de perto e escreveu diariamente sobre a ascensão de Hitler na década de 1920 em Munique. O que torna a sua visão tão especial é que descreve a história enquanto ela está a acontecer e não a partir da retrospetiva dos que sabem como tudo terminou. Ele viu o que outros não queriam ver. Mais tarde, Heiden utilizou os seus conhecimentos sobre Hitler e o seu domínio para escrever livros, que são até hoje uma fonte incontornável para os historiadores.
Stefan Aust descreve o difícil percurso de vida do jornalista e autor de livros, Konrad Heiden, e mostra quão certeiras foram muitas vezes as suas observações e os seus juízos – uma testemunha da época que tem, com razão, gravadas na sua pedra tumular as palavras: «Writer, Foe of Nazis», «Escritor, Inimigo dos Nazis».
Foi um dos seus críticos mais ferozes, e ainda assim Hitler ter-se-ia por vezes recusado começar a discursar em comícios caso ele ainda não tivesse chegado: trata-se de Konrad Heiden. Enquanto colaborador do prestigiado Frankfurter Zeitung, pertencia aos primeiros jornalistas que acompanharam a ascensão dos nazis de forma crítica. A sua biografia de dois volumes sobre Hitler, que foi publicada em 1936/37 na Suíça, serviu como base para quase todas as biografias posteriores sobre o ditador. No entanto, hoje, Heiden caiu praticamente no esquecimento.
Stefan Aust faz o retrato deste homem fascinante, dando vida à ascensão e ao domínio de Hitler a partir da sua perspetiva. Heiden, social-democrata de origem judaica, já no início da década de 1920, enquanto estudante universitário em Munique, tinha-se empenhado como ativista contra o nacional-socialismo. «Marcha sem meta, delírio sem embriaguez, fé sem Deus e mesmo na sua sede sanguinária sem prazer» – eis como caracteriza o movimento nazi num livro que foi publicado pela editora Rowohlt em finais de 1932. Obrigado a fugir em março de 1933, Heiden continuou a sua luta contra o regime, arriscando a própria vida. Nos EUA era considerado o maior especialista em questões do regime nazi, sendo o seu «inimigo de Estado n.º 1». Faleceu em 1966, em Nova Iorque.
É tempo de lembrar este homem que foi inimigo de Hitler desde a primeira hora.