"Sabe que sou o homem menos pontual que há neste mundo; entre os meus
imensos defeitos e as minhas poucas qualidades, não conto a
pontualidade, essa virtude dos reis e esse mau costume dos ingleses."
Dois importantes romances que se centram na luta do amor por forma a superarem obstáculos. Em Cinco Minutos,
um transporte público é palco de um encontro que marca a vida de um
jovem romântico. Ao perder o seu ônibus devido a um atraso, entra no
seguinte e senta-se casualmente ao lado de uma mulher cujo rosto estava
coberto por um véu. Esta permite que ele lhe segure as mãos e lhe beije o
ombro, e após este breve encontro, o protagonista inicia uma busca
incessante pela mulher que insiste em permanecer incógnita enquanto lhe
dá simultaneamente provas de amor.
Em Encarnação, o último romance “urbano” de José de Alencar, o
autor lida com o delírio poético da recusa da morte e da perda, na
figura de Hermano, viúvo de Julieta há bastante tempo, e que mantém por
ela um amor inalterado e uma fidelidade absoluta, e na figura dúbia de
Amália, que se casa com Hermano e se torna a cada dia, mais semelhante a
Julieta, na tentativa de fazer o marido amá-la. José de Alencar traça
em Encarnação a história de um homem excêntrico, oprimido por
uma obsessão, carregando na alma a imagem da mulher ideal, mesmo depois
do segundo casamento com a cândida Amália, que tanto ansiava por um
companheiro que soubesse dar-lhe provas de verdadeiro e sincero amor e
que, por isso, resignada, tudo fazia para ver transformada, ainda que a
custo de longo sofrimento, uma enlouquecida paixão num amor feliz.